Quando o problema não é “falta de força de vontade”, e sim algo mais profundo.

É muito comum ouvir nos meus atendimentos frases como: “Eu sei exatamente o que deveria fazer… mas não faço.”
Durante muito tempo, dificuldades para mudar hábitos, manter constância ou lidar com a comida foram interpretadas como falta de força de vontade, preguiça ou descontrole. Mas a ciência do comportamento humano mostra que isso está muito distante da realidade.
Na maioria dos casos, não se trata de “não tentar o suficiente”, e sim de padrões emocionais e cognitivos profundamente enraizados, construídos ao longo da vida como forma de adaptação.
Essas respostas automáticas surgem porque o corpo aprendeu a reagir de determinada maneira diante do estresse, da ansiedade, da solidão ou da sobrecarga. Não é fraqueza — é sobrevivência emocional.
Esses padrões costumam nascer de:
experiências emocionais repetidas,
formas de lidar com o desconforto aprendidas na infância,
crenças rígidas sobre si mesmo e sobre o próprio valor,
necessidades internas que nunca foram nomeadas ou acolhidas.
Quando a vida aperta, esses aprendizados antigos entram em ação sem que a pessoa perceba — e é aí que parece “falta de força de vontade”, quando na verdade é um sistema emocional tentando dar conta do que sente.
Como a psicoterapia trabalha isso
A terapia não se limita a “controlar” comportamentos ou reforçar disciplina. O foco é compreender o que sustenta aquele padrão.
Na prática, trabalhamos para:
✔ Identificar gatilhos emocionais — o que acontece antes do impulso ou do comportamento automático. ✔ Mapear pensamentos rápidos e sutis — aqueles que influenciam a ação sem que percebamos. ✔ Entender a função daquele comer — o que a comida está tentando regular, aliviar ou substituir. ✔ Construir estratégias possíveis e sustentáveis — não perfeitas, não rígidas, mas adequadas ao momento e à capacidade real da pessoa.
A mudança profunda raramente começa pelo prato. Ela começa pela história. Pelo que você viveu, aprendeu e precisou desenvolver para se proteger.
Quando compreendemos isso, a ideia de “falta de força de vontade” perde espaço — e surge a possibilidade de uma mudança mais gentil, consciente e duradoura.
Se você sente que está presa em ciclos difíceis de romper, ou que sabe o caminho mas não consegue colocá-lo em prática, a psicoterapia pode ser o espaço para iniciar um novo movimento. Estou por aqui para caminhar com você.
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